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( CRÔNICA EM FORMA DE CARTA P/LIDIANE)
Dois dias faz da tua partida. Hoje meditei na nossa relação. Quis recompor em mente a tua imagem física e o que me veio primeiro foi o teu rosto juvenil, depois o teu corpo de escultura grega, teu corpo que inspira sedução.
Refiz em mente a imagem do teu sorriso dourado, tua cor clara, teus cabelos negros, teus seios com contorno de maçã, teu olhar entre inocente e vadio. Famélico e flébil estou eu de ti.
Vai pensamento meu! Ruflas as tuas asas e voas! Levando em teu dorso um raminho de flores e um bilhete contendo a palavra amor!
Confidencies a ela o meu sentimento verdadeiro! Vai feito um bumerangue, contas de mim para ele e dela para mim!
É preciso agora confessar que os meus dias sem ti perdem em poesia e, em intensidade de ser feliz. Perdem também em alegria de viver. Hoje quase chorei, verdadeiramente sentindo a tua ausência, porém se não chorei, é porque o rocio matutino chorou por mim. Pude sentir as gotículas de lágrimas nas ramagens e nos arbustos praieiros.
Dois dias faz depois de teres partido e não nos despedimos. Não vi a tua mão estendida num aceno e, nem os teus lábios descerrarem para dizer-me adeus, entretanto é fato de que isso não conteve as minhas lágrimas. Sim, chorei a tua partida.
Olá Lidiane! Recebas esta crônica em forma de carta, ela é o espelho da minha alma, é o refrigério do meu coração despedaçado por não te ter perto de mim. Flor que não a tenho mais, pois que um ladrão algente e lépido a roubou do meu jardim.
Olá Lidiane! Comunico-te em telepatia, de pensamento para pensamento. E com licença de plagiar Roberto Carlos: “de coração para coração”. De coração para coração é que o amor se faz e vinga e viceja.
Oh! Que uma nuvem alvissareira traga-me notícias tuas! Decifras Lidiane, se souberes os hieróglifos da minha alma! Vou evocar o Poeta dos escravos, visto que assim fica mais fácil, vou evocar os seus lindos versos:
A DUAS FLORES
São duas flores unidas.
São duas rosas nascidas
Talvez no mesmo arrebol,
Vivendo no mesmo galho,
Da mesma gota de orvalho,
Do mesmo raio de sol,
Unidas, bem como asa penas
Das duas asas pequenas
De um passarinho do céu...
Como um casal de rolinhas,
Com a tribo de andorinhas
Da tarde no frouxo véu.
Unidas, bem como os prantos,
Que em parelha desce tantos
Das profundezas do olhar...
Como o suspiro e o desgosto,
Como as covinhas do rosto,
Como as estrelas do mar.
Unidas.. .Ai quem pudera
Numa eterna primavera
Viver, qual vive esta flor.
Juntas as rosas da vida
Na rama verde e florida,
Na verde rama do amor!
Pois entendeste bem o meu mistério? Eu falo sério, pois que é sério este mistério. E num ato nunca deletério, eu louvo o amor, louvo o amor, louvo a ti, Lidiane, louvo a nós dois.
Autor: João Moreira dos Santos.
Salvador, 12/04/2006