segunda-feira, 20 de outubro de 2008

ESCUTA MINHA CANÇÃO DE AMOR



(CRÔNICA EM FORMA DE CARTA Nº. VII P/ LIDIANE)


Lidiane sei que estás distante, porém ouça-me com o ouvido do pensamento a mensagem de amor que te mando. Decifras o nosso código de afeto, sintas a vibração do meu pensamento conectado ao teu.
Escreva-me, mande-me notícias de lá de Maceió e mande notícia suas também, principalmente, mande notícias suas. Conta-me das praias e da imponência do litoral, mas não me contas dos que te fazem a corte. Quero poupar-me do descontentamento, ou da dor causada pelo espinho do ciúme. Suplico-te compreenderes que não sou possessivo, mas quando amo tenho um pouco de ciúme.
Lidiane o que estás fazendo agora neste exato instante? Está pensando em mim? Pois eu estou pensando em ti. Escuta o sibilar da brisa em tua janela, é uma mensagem cifrada, é um sinal da minha mensagem de amor, porquanto conjurei com a natureza servir-me de cupido.
Que horas são? Pergunto a mim mesmo e não me preocupo com a resposta. Os ponteiros do relógio estão embaçados, esqueci-me de que tenho miopia. Tateio os óculos ao meu lado e consigo ver as horas. Zero hora e nítido é o silêncio do meu quarto. Não ouço nada, exceto o cri-cri dos grilos, que Quintana chamou-os de “Poetas Mortos”, todavia, eu os chamo de músicos sensíveis que cantam para amenizar a nossa solidão noturna.
Lidiane quando me refiro aos teus atributos de beleza, sou enfático que me excedo no termo comparativo e nas metáforas, pois digo meu amor que tu és tão linda! És tão linda como os rios que a História me ensinou.
Tens o viço do Nilo fecundaste, o refinamento do Sena que corre pelas veias de Paris, a afabilidade do Tejo que rega os vinhedos portugueses, a presteza do Amazonas com a diversidade dos seus ecossistemas, a bravura e a persistência do “velho chico’, O charme do Danúbio Azul, os segredos das tramas enredadas ao longo do Mississipi, a sensualidade do Tamisa.
Enfim, Lidiane, tens a utilidade do Elba em Hamburgo, a pomposidade do Amarelo na velha China, a magia mística do Jordão e do Ganges, a sábia serenidade do Tigre e do vinte e quatro (24) Eufrates onde viu brilharem, às suas margens, ao labor dos séculos, as civilizações mesopotâmicas... Romântica és tu.
Meu antigo zigurate de Babel com mais pujança ainda do que a Torre de Piza e a Torre de Gálata, meu teto da Capela Sistina, minha Torre Eiffel, minha catedral de Notre-Dame. Quinta Avenida, chandilisier, Copacabana, Avenida Paulista, Pão de Açúcar, Cristo Redentor. Fascinante és tu, mais que os jardins suspensos da antiga Babilônia, erguido aos apelos megalomaníacos de Nabucodonosor.
Lidiane escuta a minha canção de amor que a brisa canta em tua janela!

Autor: João Moreira dos Santos.
Salvador, 14/04/2006

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