domingo, 14 de junho de 2009

Vida Intensa



Um homem pode chegar
aos 80 ou 90 anos
E isso não quer dizer
ter vivido muito
suas rugas faciais
e seus cabelos encanecidos
Não revelam necessariamente
uma vida longa
Pois segundo Sêneca
Uma vida longa
necessariamente é uma vida intensa
E uma vida intensa pauta-se
em grandes realizações
As espirituais, preferencialmente.
Adverte-nos Sêneca- esse grande
Filósofo estóico: Não desperdiçais vosso tempo com
realizações fúteis, mas cuidais em
dedicar-vos a operosidades grandiosas.
A advertência não se fez
exatamente com estas mesmas
palavras, porém, essencialmente
com o mesmo sentido.
E assim Sêneca dizia:
“A vida, se bem empregada,
é suficientemente longa e nos
foi dada com muita generosidade
para a realização de grandes obras”
Não vou aqui especular o que
Sêneca reputa como grandes obras,
mas na minha visão particular
o homem que trabalha
em prol da evolução espiritual...
Por assim dizer o que escreve
belos poemas ou belos romances.
O que engendra consistentes
tratados filosóficos ou distribui
generosidade mediante
trabalhos
filantrópicos.



Obviamente realiza grandes
obras.
Se Hipócrates disse:
“A vida é breve e a arte longa”
É lógico que a vida se engrandece
Quando afeita à Arte
Pois a Arte alonga a vida
Se considerado este ponto
de vista
Castro Alves, embora morresse
aos 24 anos, teve uma longa vida
Pois viveu grandes paixões
e produziu grandes obras literárias
verdade que Sêneca nos chamava a atenção
para um detalhe: que o tempo de viver é agora
e não depois.
É hoje e não amanhã.
E assim é que devemos
zelar por uma vida intensa
Receptivos aos dizeres sábios
do filósofo:
”Julgas que navegou muito aquele
que, tendo se afastado do porto, foi
pego por violenta tempestade e, errante,
ficou à mercê dos ventos, ao capricho
dos furacões, sem, no entanto, sair
do lugar? Ele não navegou muito,
apenas foi muito acossado”.
A propósito, levar uma vida intensa
É a atitude do homem sábio.


Salvador, 20/07/2008

João M. dos Santos

sexta-feira, 20 de março de 2009

A CANTILENA DO SINO DA IGREJA MATRIZ



Quando menino ouvia a cantilena
Do sino da Igreja Matriz.
Era o chamamento para a missa
dominical
As pessoas rezavam e tomavam a
hóstia
As crianças brincavam em sua
feliz inocência
Os adultos eram menos desconfiados
e mais filantropos.
Se havia injustiça (é claro que havia)
não tomava conhecimento dela
Se o tédio se abria como uma flor
de amargura.
Eu não tomava do seu fel.
Ontem já passou, o amanhã se dilata
para o futuro.
Na curva das idades já desviei
para uns poucos meses além de
meio século de vida.
A antiga goiabeira do meu quintal foi
Docejada.
A casa onde passei a minha infância
Desfigurou-se de suas características
Primitivas.
Sinal de que o tempo é implacável.
Hoje cresci adulto tornei-me.
E já não ouço a cantilena do sino
da Igreja Matriz.


Salvador, 30 de agosto de 2007.
João Moreira Santos

segunda-feira, 9 de março de 2009

Pensamento





Pensamento – uma missão a cumprir neste mundo.
A inspiração me vem a qualquer momento e quando isto acontece, sou obrigado a atendê-la. Acho que sou um médium das palavras. Este dom de escrever não me parece uma coisa meramente gratuita.Tem um porquê. Acho que tenho uma missão a cumprir neste mundo.

JMS. 24/08/2004

Amor de Pai e Mãe




Esta ansiedade que habita em mim!...
É como se eu quisesse viver tudo num único dia.
Desejar sorver a vida num único gole.
Tenho pressa!
Sei, compreendo que a vida é breve
Os livros e a experiência me dizem isto.
Como essa brisa que vem
Do mar e suavemente afaga o meu rosto
E passa de repente
Ou como o rocio que roreja gotículas nos
Arbustos praieiros as quais desfazem-se
em segundos
As coisas vêm e vão e passam e se transmutam.
Não lamentem pela passagem rápida do
Arco-Íris!
Nem pelo despontar momentâneo do
Crepúsculo!
Este é apenas um mensageiro da noite que chega.
E a aurora um instante que precede o amanhã que se anuncia.
Dia e Noite! Noite e Dia!
A sucessão permanente deste planeta terra
em rotação.Ah! como tudo passa!
Como tudo se esvai no desvão do tempo
O próprio tempo passa, qual um cavalo a galope!
Rápido ou lento pela vida de cada um.
Como em semelhança à “metamorfose ambulante”
do roqueiro guru.
Ou ao constante fluir de Heráclito – o grego de Éfeso.
Tudo é assim mesmo – passível de uma metamorfose
Lança-se uma semente na terra, que germina,
faz-se em árvore
que dá frutos e novamente se faz em semente.
Todo ser vivo:vegetal ou animal, cumpre assim
o seu ciclo vital.
Até os seres inorgânicos estão sujeitos a essa lei da Natureza.
Não é assim porque chamamos de rochas metamórficas
as que se originam de outras rochas!?
Não estranhem pela mudança e o movimento
das coisas.
Só os insensatos se negam a aceitar isso.
O que é assim hoje, certamente ontem não o foi.
E, seguramente, amanhã não o será.
Ah!Os amores! Os amores também passam!
Os amores de verão, os amores sazonais.
Mas o amor verdadeiro, desses que fazem tatuagem
n’ alma
da gente, este fica.
Como fica o que se condensa na alma: as relíquias da
infância o saudosismo juvenil ,a poesia dos sonhos,
O amor de pai e mãe!


Salvador, 24/08/2007

João Moreira dos Santos

terça-feira, 20 de janeiro de 2009

CABEÇA BRANCA, ACM DA BAHIA


HOMENAGEM AO SAUDOSO SENADOR ANTONIO CARLOS MAGALHÃES


Sexta-feira, 21 de julho, ouvi na televisão a tal noticia indesejável. A noticia do teu pensamento. Não queria acreditar, tampouco aceitar a contundência de tal fato.
Sábado, não seria um sábado normal se não fosse por não estares aqui, pelo menos em matéria. Juro que consternado fiquei. Juro que a minha alma pesarosa ficou. Juro que lágrimas vieram-me aos olhos.
Despi-me de quaisquer divergências políticas ou ideológicas, que ainda pudesse ter e fui prestar-te a minha homenagem póstuma. Quantas vezes quis fazê-la, quando vivo ainda estavas, porém contive-me em meu anseio!
Ali, no Palácio da Aclamação, pude ver-te pela primeira vez assim de perto. O homem e o mito, o mito e o homem. Tinha na minha concepção que um mito não morre. E tu não morreste ACM. Só mudaste de endereço. Foste para a verdadeira morada a qual é de todos nós. Tu não morreste Cabeça Branca, pois a tua obra que tem o legado da posteridade, está entre nós.
Sei que é lugar comum dizer assim: “que vais deixar uma lacuna política”.
Porque disso todos nós sabemos.
Muito dificilmente alguém virá suceder-te ou substituir-te em talento político e paixão pela Bahia. Paixão verbalmente confessada por tantas e tantas vezes.
O teu perfil administrativo singular, nem o mais intrépido dos teus adversários políticos poderá negar-te.
Desfraldaste e Bandeira do Progresso e fizeste de uma Bahia agrária uma Bahia moderna e magnificente.
Foste, e és uma página marcante da História política deste país e de toda uma época e além dela.
Por isso, como em Dialética, soubeste transformar-te e não ficaste preso ao passado.
Que ninguém levianamente julgue ninguém! E só a História em julgar-nos é mais precisa.
E cinqüenta anos de vida pública já diz tudo. Ninguém se mantém tanto tempo na vida pública se não por uma habilidade incontestável. E a quem nunca perdeu uma eleição que disputou, é porque de fato gozava de prestigio e por quem o povo tinha longeva, gratidão e confiança creditava.
Ali, no Palácio da Aclamação, o povo em fila para homenagear-te e também para olhar o teu corpo físico, ainda que pela última vez, era bem uma demonstração do quanto este povo te amava e te ama.
O céu estava azul e branco, em cores cromáticas para receber-te! O leque da palmeira em frente balouçava como a saudar-te num último adeus!
Eu, por um instante olhei-te comovido pela janela de vidro do ataúde. Estavas plácido como se dormisses! E também como em sinal de missão cumprida.
O fato é que um ciclo se encerra e começa outro com o teu neto benemérito. Que acreditamos, saberá conduzir o barco. E se um ciclo foi como um Oásis, no deserto, esse Oásis será preservado e continuará.
Existiu na Alemanha na cidade de Königsberg, um filósofo por nome Immanuel Kant que tão marcante para filosofia, que a respeito dele diziam: “Antes dele e depois dele, mais nunca sem ele”. Na História da política da Bahia e do Brasil pode se dizer o mesmo de ACM: “Antes dele depois dele, mais nunca sem ele”.
A tua marca é indelével. A marca do administrador intrépido e indefectível, que modernizaste a Bahia e a Salvador deste toda a infra-estrutura. A tal ponto que quando Jorge Amado aqui chegou, provavelmente vindo de Paris, impressionado ficou. Surpreendeu-se e orgulhou-se.
Então escreveu-te uma missiva de agradecimento. Elogiando-te o feito impostergável.
Comoveste-te Cabeça Branca com o reconhecimento do escritor amigo. E rendeste-lhe incomensurável homenagem.
Dando prova de tua doçura e generosidade. Assim que nasceu a fundação Casa de Jorge Amado.
ACM era assim: um temperamento forte e ao mesmo tempo uma doçura dentre si. Constatável em sua pessoa uma sensibilidade artística, uma preocupação com o social, um inoxidável administrador, um político de visão, de projeção e de ação, Amigo dos amigos.
Já fui medíocre demais para querer julgar-te. Hoje cresci. Se alguma vez ousei te criticar, foi por ingenuidade. E hoje sei reconhecer-te o valor e a autenticidade.
Choramos a tua súbita partida, porém consola-nos a grandeza de tua obra e do teu legado. Por isso vamos em frente com esperança e alegria. O teu espírito nos ilumine Cabeça Branca, ACM da Bahia.

Salvador, 10 Julho de 2007

João Moreira Santos

quinta-feira, 27 de novembro de 2008

VOAR NAS ASAS DA FELICIDADE




É flagrante essa nossa ligação de alma
Nossas afinidades, nossas confidências
e cumplicidades
Nossas anuências e anseios em comum
Dialogar contigo é prazeroso
Reciprocamente prazeroso – já me disseste
isto.
Gosto de estar onde estás
E dar curso livre ao nosso pensamento
Em endiabradas elucubrações
O prazer puro e simples de filosofar
Gosto de olhar para teu tipo físico,
Para tuas nádegas e tuas pernas.
Para a anatomia de tua região pélvica.
E te desejar como mulher
A tua amizade é néctar de flor
È brisa que vem do mar
É água potável para saciar minha sede.
É figo maduro para o meu paladar.
Que direi para convencer-te do
meu sentimento?
E já que confessaste me amar
Receio que a tua confissão seja reflexo
De um equívoco de sentimentos.
Se realmente me amas
Por que não te deixas desprender-te
de tua esquiva? E te fazes pronta
para uma entrega absoluta?
Do que tens medo? Do que tens receio?
Depressa aprendes com Gilbran:
“Quando o amor o chamar, seguí-o...”
E de Epicuro absorves esta lição:
“É fácil alcançar o bem.”
Que esse bem seja a realização
E a plenitude do nosso amor.
Iraci – que nome doce de pronunciá-lo!
Não sabes, mas quando te pego
desprevenida
Docemente olho para ti.
E te como com os meus olhos
O teu desejo é a medida exata do
meu desejo, mas com um diferencial:
Eu quero e não me esquivo.
Tu queres, porém te esquivas.
De vez em quando minha querida.
´E preciso deixar de ser certinha
E ir um pouco à linha do que disse
O espiritualista indiano OSHO:
“...Um pouquinho de loucura e
excentricidade só faz bem”.
Tu me inspiras paz, tranqüilidade,
Sossego d`alma, confiabilidade
Como em retiro de anacoretas
Como os vestíbulos e as torres
Góticas das catedrais.
Que venhas tu florescer no jardim
dos meus beijos voluptuosos!
Fecundar no aconchego dos
meus amplexos.
Vamos fazer sexo e voar nas asas
da Felicidade


Autor: João Moreira dos Santos.
Salvador,08/02/2008.

MINHA HISTÓRIA DE AMOR



( Inspirado no poema O Meu Segredo. Da autoria de Castro Alves)



E o poeta cantou o seu segredo
Numa bela poesia de amor
Homenagem feita à Dalila
A quem Eugênia Câmara interpretou.


Como o poeta, eu tenho o meu segredo
A luz do coração que o inspirou
Pois conto o meu segredo é a minha história de amor

Por ti, Iraci, minha querida
Que com a flecha do Cupido me alvejou
Entrego-te a minha alma apetecida
Como o poeta a sua entregou

O poeta romântico e abolicionista
Compôs um dos mais lindos poemas de amor
Compus estes meus versos para uma diva
És tu, Iraci, com o teu esplendor

Doce alma de mulher pura e singela
Suave como as pétalas de uma flor
O brilho que ilumina a minha vida
É o brilho de tua luz interior

O poeta que fez versos para os escravos
Fê-los também para a musa dos seus sonhos
A portuguesa que o deixou apaixonado.
Porte de príncipe, olhos belos e castanhos

O poeta guardou na alma o seu segredo
Tecido de sonhos e fantasias
Revelá-lo aos escarnecedores, tinha medo
Segredo de amor e poesia

A mim reservas todo o teu desvelo
Ter alguém assim quem não queria?!
Sabedoria que jaz em teus conselhos
Emanadora fonte de alegria

Nesta quadra vou usar uma metáfora
Só tu entendes o código, meu amor
Á tarde quando se recolhe a passarada
Em minha janela vem voar um beija-flor


Como o poeta, eu tenho o meu segredo
A luz do coração que o inspirou
Pois conto o meu segredo sem nenhum medo
O meu segredo é a minha história de amor.

Autor: João Moreira dos Santos.
Salvador, 17/04/2008