terça-feira, 30 de setembro de 2008

É DOR DE AMOR


(CRÕNICA EM FORMA DE CARTA Nº. 5 P/LIDIANE)





Esta saudade dói em mim, sim, dói. Mandei ao vento as minhas súplicas! Conjurei com as nuvens mandar chover! E um carro de chuva poder fazer. E na rodovia do amor, correr até você.
Queria de amor poder falar, porém, falta-me o dom da Poesia, porque era você quem me inspirava. Luz do meu dia! O meu vinho do Porto! Minha piração de amor. Métrica dos meus versos, ritmo da minha prosa, gostosa é você.
Esta saudade dói em mim. Dói por sua falta, Lidiane. Mandei ao vento o meu apelo para trazer você de volta. Conspirei na trama da nossa história por me revelar e não simular a minha tristeza. Nem jeito tenho para os heterônimos de Pessoa e a minha prosa assim ressoa, destituídas de simulações.
Decepções... Decepções o que o destino nos legou e nos separou. Morro de amor choro de amor e me rasgo e me amordaço por amor... Minha alma desertifica-se sem você por perto e será como o Atacama chileno, ou o Saara africano. Por isso cuido de suplicar que você venha! Venha ser a chuva branda e boa a regar a minha alma e a restituir-lhe o viço e a fertilidade.
Saudades! Saudades! De você que está distante e quando se foi levou um ventrículo do meu coração. Só o amor, só verdadeiramente o amor que sinto por você, foi capaz de recompor o meu ventrículo que você levou, sim, sem querer você levou parte de mim.
Você zombador atroz, não diga que é verborréia ou palanfrório de romântico pirado as minhas palavras. Quem, alguma vez, amou na vida ou ainda ama, pode entender o conteúdo delas. Atua espera! A tua espera eu vivo. Sinto que um dia vais voltar e quando voltares, quererei ser teu par, quererei muito te amar, minha flor de manacá.
Vou mandar ao vento o meu grito para ecoar lá em Maceió! E quando o ouvires, tenhas dó, não deixes o meu coração amargo como um jiló. É uma afirmativa e só. Diga-me que posso ir ao teu encontro. Sim, vou insistir, vou solicitar o teu consentimento para ir-me à Maceió.
E quando lá chegar, vamos até o Pará, quero dançar contigo o carimbo. Quero namorar-te na ilha de Marajó. E na ilha de Fernando de Noronha, a gente também se ama, a gente se agarra, a gente sonha. A gente sonha o nosso amor bonito, a gente fantasia o nosso lar de felicidade, a gente se ama mais profundamente, a gente cria um filho.
Vem meu bem! Sê tu a guardiã do meu destino! Vem ser alga, bruma e sarça do meu mar interior! Esta saudade dói em mim, sim, dói. É dor de amor.


Autor: João Moreira dos Santos.

Salvador, 13/04/2006

domingo, 28 de setembro de 2008

O POETA E O PÁSSARO






Como se sente triste um pássaro
Na gaiola
Pois a sua alegria é bater asas
E ir embora
E voar pelas florestas
Como se sente triste um Poeta
Sem a sua musa
E uma paixão renovada a cada instante
Pois que o Poeta é assim
Meio que inconstante
Um Poeta não tem uma musa definida
E nem precisas de regras fixas
Um Poeta precisa de beleza
E um bom motivo para se inspirar
Um Poeta precisa Amar
Deixem que o Poeta siga a sua estrada !
E não se sinta como um pássaro
Preso na gaiola
Que anseia pela liberdade l´´a de fora
E quer bater asas e ir embora
Impor regras ao Poeta é limitar-lhe
A imaginação
Impor a barreira de uma musa única
E definida – é ferir-lhe o coração
Assim como um pássaro que fica muito
Tempo- preso na gaiola
E depois de solto requer a necessidade
De reaprender o vôo
Um poeta censurado em sua sensibilidade
E encarcerado em seus sentimentos
Perde o fio que o liga à Inspiração
Como a música está para o compasso
O Poeta precisa de paixão
Como a música está para o compasso
O Poeta está para a liberdade e para emoção





Autor: João Moreira dos Santos.

Salvador, 18/03/2000

sábado, 27 de setembro de 2008

O BAÚ DO RAUL



Lendo e relendo o Baú do Raul
Deixo-me envolver pela
sedução de sua escrita
Límpida, qual as águas de um
grotão em montanhas virgens
Quem sabe não são pedras
Preciosas que ali existem?!
A espera de serem garimpadas
O Baú tem um encantamento
Particular e peculiar
Que é só dele
Vem este encantamento da alma
singular do Raul
Do seu dom criativo indubitável
e privilegiado

Lendo e relendo o Baú do Raul
Sou tocado lá no âmago
Sinto arrebatamentos
E êxtases intelectuais
Não há quem o leia indiferentemente
Talvez pudéssemos dizer assim:
Ao modo dos biólogos-geneticista
Um livro transgênico
Pela forma como diversifica
Mistura os gêneros literários
Mas, sobretudo, um livro que
lendo e relendo o Baú do Raul
Deixo-me envolver pela
sedução de sua escrita
Límpida, qual as águas de um
grotão em montanhas virgens
Quem sabe não são pedras
preciosas que ali existem?!
A espera de serem garimpadas
O Baú tem um encantamento
particular e peculiar
que é só dele
Vem este encantamento da alma
singular do Raul
Do seu dom criativo indubitável
e privilegiado

Lendo e relendo o Baú do Raul
Sou tocado lá no âmago
Sinto arrebatamentos
E êxtases intelectuais
Não há quem o leia indiferentemente
Talvez pudéssemos dizer assim:
Ao modo dos biólogos-geneticista
Um livro transgênico
Pela forma como diversifica
Mistura os gêneros literários
Mas, sobretudo, um livro que
tem alma
Onde um coração pulsa
as verdades impressas,
Exaradas pela caneta-tinteiro
Da mente altaneira do Raul.

Que livro sensacional!
Pois que Raul era o “cara”
Esse roqueiro de “cuca legal”.
Contos, poemas, depoimentos,
fragmentos de cartas e entrevistas
em tom confessional
Tudo processado no liquidificador
da mente
E feito em fina sopa cultural
À excitação da gula
Dos que admirem a boa escrita
A nobre Literatura

Há no Baú do Raul
Um feeling que me encanta
Como a melodia da música
E o rítmo da dança

Tem alma
Onde um coração pulsa
as verdades impressas,
Exaradas pela caneta-tinteiro
Da mente altaneira do Raul.

Que livro sensacional!
Pois que Raul era o “cara”
Esse roqueiro de “cuca legal”.
Contos, poemas, depoimentos,
fragmentos de cartas e entrevistas
em tom confessional
Tudo processado no liquidificador
da mente
E feito em fina sopa cultural
à excitação da gula
dos que admirem a boa escrita
a nobre Literatura

Há no Baú do Raul
Um feeling que me encanta
Como a melodia da música
e o rítmo da dança

quinta-feira, 25 de setembro de 2008

RAUL SEIXAS




Raul...Raul... Raul...

Nome sonante e melódico

Quem não tem orgulho de pronunciá-lo?

Havia em Raul

Tanta musicalidade quanto

autenticidade

Em igual dose

NUNCA acerba

E leia-se acêrba como se tivesse acento circunflexo

E acérrimo eras tu na tua paixão pela cantoria

Na tua arte de compor consistente

letras musicais.

Para acertar com socos no estômago

Os que cerceavam as liberdades individuais

Sem desmerecer o best-seller

Paulo Coelho, porém este não

Tem autenticidade que tinha aquele.

E tome no sentido que quiser tomar.

Raul era e foi coerente com os

Seus princípios estéticos

Não desvirtuou os seus princípios

Para se render ao culto de uma

arte puramente mercadológica

E que por isso mesmo entranhada

E feita a reducionismo temático

e estilísticos.

Raul era ele mesmo indomável

A qualquer coisa torpe ou

Mesquinha

Infenso às dissimulações estéticas

Infenso aos estratagemas e ardis.

Foi, provavelmente, um dos caras

Mais humanos deste planeta

E a sua História de vida fala por si só

“Maluco Beleza “de beleza “cuca” e

grandiosa alma

Oh! Raul! Quando estiver próximo

O meu fim

E antes mesmo que o tédio

E o niilismo da existência

Pesem sobre mim...

Ajuda-me a pegar

A cauda do cometa

E viajar contigo por esse

grandioso e monumental

UNIVERSO


Autor: João Moreira dos Santos.

Salvador, 05/09/2008