O ENTARDECER DA MINHA TERRA

Quero um entardecer bonito

Como no meu tempo de menino

E de adolescente lá no interior

Quero um entardecer cheirando à flor

Todo entardecer é um prelúdio da noite

Por chegar

Todo entardecer tem muito de magia

Uma coisa, assim, de agradar

È quando a brisa companheira se

desprende

E vem mais acolhedora

À tarde, então, se torna mais sonora,

O arrulho de uma pomba lá no campanário

O mugir de uma vaca no curral

O cri-cri de um grilo jardineiro

E crianças brincando no terreiro

Ah! Todo entardecer é assim!..

Reveste-se de um tal magnetismo

A nos encantar e a nos seduzir

È a hora solene em que Deus

quer falar com os homens

Mediante o sorriso dourado do Crepúsculo

Todo entardecer é, assim, místico e belo

À noite – são outros mistérios.

Autor: João Moreira dos Santos.

Salvador, 16/06/2007

O NOSSO DESTINO

Deixas que eu te ame!

Não percebes o quanto te quero?

Simplesmente que te contemple

O corpo inteiro.

É doce o teu sorriso!

E há um lago verde em teus olhos.

È por isso que quando os contemplo,

sinto esta paz que vem dos bosques.

Deixas que te acarinhe os pés de veludo.

Em tuas curvaturas quero deslizar

as minhas mãos de plumas.

Que te decifre os labirintos corporais.

Sim! Deixas que te seduza.

Quero dizer-te palavras tão profundas.

Qual uma medusa prender-te

em meus tentáculos

Ou como no Jardim do Éden,

Eva envolveu Adão.

Sei que há um fogo ardente dentro de ti.

Que desejos ardentes habitam o teu ser.

E como eu quero, tu queres também.

Porém disfarça-te em teu puritanismo incauto.

Vens mulher! Vamos cometer pecado!

Só por amor vale à pena cometer pecado

Por que dissimular os teus sentimentos?!

Se o que sinto, tu sentes

Os teus olhos não mentem.

E como o vento andarilho e vagabundo busca copular com as árvores.

Busquemos nós harmonizar sentimentos,

Sintonizar pensamentos.

Pois não dar para disfarçar.

Pois o nosso destino é tu estares comigo

E eu contigo estar

Autor: João Moreira dos Santos.

Salvador, 30/08/2007

PENSAR É ESTAR ATENTO

Que se formem as ondas aos vendavais

Refulge a estética dos canaviais

Sibila a brisa aos bananais

Na flor que brota dos laranjais.

Quem sabe o peso dos meus tormentos?

Por onde anda lá longe o vento

Do que invento e reinvento

Sob a eloqüência do meu silêncio

E na seara do pensamento

Coleto os frutos do bom-senso

Ao que me sinto propenso

Perceber em torno e ao meu centro

Peso, pondero, reflito

É como dizem os filósofos

Pensar é estar atento.

(DO LIVRO - QUANDO POETAR É FILOSOFAR)

Autor: João Moreira dos Santos.

Salvador, 14/01/2001

O AMOR TEM SEMPRE RAZÃO

Se o desejo que me foi tão relevante

De conquistar o teu insensível coração

Pudesse de agora por diante, conter

Um pouco mais a minha emoção

Ao meu sentimento foste tão indiferente

Ao meu amor não deste o mínimo de atenção

Oh! Pudesse me tornar mais consciente

E escoimar-me das armadilhas do coração

Armar-me de escudo e cimitarra

Como se fosse um cavaleiro medieval

Mas por amor não há valente que não caia

O amor tem sempre lá sua razão

E tão ruim quanto nunca ter amado

É nunca ter vivido uma paixão.

Autor: João Moreira dos Santos.

Salvador, 22/07/2004

ENCARCERADO DA PAIXÃO

Bastou um simples olhar

E se era eu o alvo que tu desejavas

Acertaste em cheio

Com que magnetismo me olhaste

Naquela manhã de segunda-feira!

Foi como uma flecha certeira

Arremessada em meu coração

A flecha do amor

E quanta emoção!

Naquela calma manhã de segunda-feira

Eu estava ali

No cartório da Rua João Carlos

Manuseando papéis

Tu passaste e me olhaste

E desde sempre nada foi como antes

Encantei-me com a tua beleza

E me deixei levar pelo teu fascínio

Decorrido tantos anos

As coisas mudaram

A vida deu voltas

Também o mundo, voltas deu

Porém o sentimento é o mesmo

Desejo de te rever

Para ver se conservas a mesma elegância

A mesma pele morena e macia

A mesma sensualidade aflorada

O mesmo olhar percuciente e expressivo

Bastou um simples olhar

E se era eu o alvo

Acertaste-me em cheio

Foi como uma flecha certeira

Arremessada em meu coração

Desde sempre me vejo como um

Encarcerado da paixão.

Autor: João Moreira dos Santos.

Salvador, 19/01/2001